quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Ato II: A Assembleia VI

Capítulo 14

Os aventureiros estavam recuperando os ânimos na sala quando o outro grupo chegou. Acelerando sua busca de maneira quase que negligente, haviam percorrido sua rota rapidamente e depois correram em auxílio dos amigos o mais rápido que puderam, auxiliados por bêbados e transeuntes que reportavam atividades estranhas naquela região da cidade. Ao se aproximarem do casarão em busca dos amigos, ouviram a música de Luize que ajudava a preparar todos para o próximo encontro. Já sabiam que eram esperados, então precisavam se preparar da melhor maneira possível. Todos foram colocados a par da situação.
- Vamos nos dividir. – Ordenou Angram.
- Não sei se isso seria uma boa ideia. – Questionou Malaggar.
- As palavras sobre o acontecido estão se espalhando, então enquanto alguns de nós descem para resgatar o conde, eu e outro grupo ficaremos por aqui para interceptar quaisquer reforços que possam aparecer. – Explicou o anão.
- Pois bem, se acha melhor...
Todos concordaram e se levantaram de uma única vez, se separando em grupos dispostos para manter um bom equilíbrio num possível combate. Alanna, Arannis, Elros, Luize, Magusar e Malaggar desceriam enquanto Amgram, Arthur, Gwen, James e Shaisys ficariam de guarda na sala onde estavam. Ambos grupos se despediram tensos enquanto se separavam em busca de terminar com aquele problema. O primeiro grupo deixou a sala na direção do corredor, dando de cara com a escadaria que levava para a escuridão do andar de baixo. Pegaram uma das pequenas lamparinas desgastadas e seguiram com cautela.

...

Após as escadarias o grupo deu de cara com uma porta. Do outro lado aqueles com ouvidos mais apurados conseguiam ouvir sussurros, confirmando que outros inimigos estavam por lá. Sem perder tempo, abriram a porta e procuraram invadir a sala de maneira eficiente e rápida, queriam salvar o conde o quanto antes. Marshal Huges Hazel estava amarrado a uma cadeira no fundo da sala, atrás de uma mesa. Guardando-o estava uma meio-elfa vestindo um corselete enquanto carregava em suas mãos uma espada longa e uma adaga.
Espalhados pela sala ainda estavam quatro homens também vestindo couro e com clavas em punho, além de um gnomo com um gibão e uma picareta de guerra. Completando o time de guardiões estavam dois meio-orcs, um deles já com um arco longo pronto para disparar, vestindo couro e com um machado de batalha pendurado na cintura. O outro meio-orc usava um cajado e vestia um robe simples. Atentos ao grupo, todos iniciaram seu ataque para rechaçar a invasão, seus rostos preocupados, mas determinados.
A batalha teve início, os humanos logo cercaram os invasores próximos da porta, onde Arannis havia se colocado. Contando com o auxílio de Alanna para passar pelo pequeno corredor que formaram, os outros tentaram avançar. Elros correu em meio aos ataques sem hesitar, sendo atingido algumas vezes, mas sem ficar seriamente machucado. Luize disparava da retaguarda e os humanos logo tombaram, abrindo espaço para Malaggar e seu machado. O arqueiro meio-orc disparava conforme o grupo invadia a sala, vendo Magusar abrir caminho com seus poderes de teleporte.
O meio-orc mago disparava suas magias na tentativa de impedir o grupo, mas sem sucesso. A líder do bando logo avançou também, abusando de sua velocidade para estocar com a espada longa enquanto recuava habilmente para disparar a adaga que carregava. O gnomo causava problemas, ficando invisível e aproveitando para atacar pelas costas com sua picareta. Conforme as trocas de golpes se seguiam, os bandidos iam ficando sem recursos para tentar parar a ofensiva dos Silverhawks.
O arqueiro logo foi encurralado e forçado a lutar com seu machado de batalha, provando-se bastante versátil. O pequeno da picareta havia causado algum estrago, mas era pouco resistente e não demorou muito a cair quando o grupo se focou nele. Já encurralados e sem chances de vitória, a meio-elfa, Annara, se rendeu.
- Eu desisto! Eu desisto!
- E por que não deveríamos matá-la?
- Conhecimento. Eu sei coisas. – Ela sorriu ironicamente.
- Quem mandou isso?
- O duque, é claro.
O bladesinger correu até o conde para o libertar de suas amarras enquanto o drow revistava os perdedores. O patriarca dos Hazel agradeceu ao grupo enquanto se recompunha. O vingador havia conseguido algumas moedas e dividia entre o grupo enquanto o resto do grupo tratava de amarrar seus prisioneiros. Luize sentara na mesa onde uma lamparina iluminava a sala e começou a tocar para que todos pudessem se recuperar da batalha vencida.
- Vamos levar a líder deles para alguns questionamentos. – Avisou o conde.
- Acha que pode ser útil?
- Sim. Eu ouvi algumas coisas sobre as ações dos Bodes Negros enquanto estive aqui e tenho algumas suspeitas. – Terminou o nobre, acostumado a dar ordens.

...

Estavam todos de volta à mansão dos Hazel. A maioria dos membros do grupo havia ido para seus respectivos quartos afim de descansar, conforme havia sugerido o conde. Alanna, contrariada por ser não ser convidada por seu pai à reunião que acontecia em seu escritório, montava uma guarda solitária na sala de estar, alabarda em punho enquanto observava a porta do cômodo com uma expressão séria. Ela pretendia ficar ali até que pudesse descobrir alguma coisa, mas estava cansada das batalhas e o sono chegou de uma vez.

...

Depois do dia cansativo, Arannis precisava descansar. Sentara-se de maneira confortável e fechara os olhos, preparando seu corpo para entrar no estado de transe. Ele permanecia atento a tudo que acontecia ao seu redor, mas sua mente vagava por diversos lugares de seu âmago, como sempre fizera. Era um estado natural para ele e servia perfeitamente para relaxar. Ele conseguia desligar suas preocupações e suas dores físicas, as vezes sentia como se simplesmente deixasse este plano e fosse para um lugar novo, vazio e agradável.
Então ele abriu os olhos. O barulho ao seu redor era ensurdecedor, homens gritando todos os tipos de impropérios. Seu braço, largo, musculoso e peludo, segurava seu escudo à frente, colado aos escudos de seus parceiros de guerra, enquanto sua lança na mão direita procurava no vão da defesa alguém a quem empalar. Ele podia sentir o hálito de bêbado do homem que pressionava o próprio escudo contra o seu, enquanto ouvia seu comandante repetir o grito: “Carga! Carga! Carga!”.
Logo sentiu sua lança perfurando algo. Alguém conseguira abrir um buraco na defesa inimiga e sua lança entrou sem oposição, encontrando anéis de metal. Com um passo decidido à frente e jogando todo o peso no lado direito do corpo, sentiu a ponta da arma estourar cota, passar pelo forro de couro e repousar fundo na carne de quem quer que fosse o infeliz em seu caminho. Ele gritou o júbilo da batalha e, seguindo as ordens, deu mais um passo à frente, empurrando seu opositor para trás. O suor escorre pela testa e chega ao olho, fazendo fechá-lo para afastar a irritação.
Quando seu olho se abre novamente, ele nota seu corpo frágil amarrado por cordas. Várias voltas em torno dos tornozelos, cintura, mãos e pescoço. Conseguindo abaixar um pouco a cabeça, vê que suas roupas estão levemente rasgadas, seu decote ampliado. Seus longos cabelos louros se agitam com o vento, assim como sua túnica amarela. O calor começa a tomar conta, ao seu lado nota outras pessoas amarradas, lenha e feno abaixo da pilastra onde cada um estava preso.
Um homem de cota e vestes vermelhas passava por cada uma das pilastras de madeira, gritando para uma multidão alvoroçada que a verdade era apenas uma e só as chamas poderiam salvar aquelas almas perdidas. Uma sacerdotisa vermelha se aproxima com uma tocha em punho. Ela olha para a fileira de prisioneiros e escolhe um gnomo de vestes brancas. Sem hesitar por um instante, ela faz com que o fogo da tocha beije o feno, espalhando-se pela pilastra e pelo pequeno sacerdote, que gritava de dor pedindo por clemência enquanto as chamas o consumiam. Tremendo de medo, sente os olhos lacrimejando com o calor excessivo. Seus olhos piscam novamente.
O vento está forte e as ondas se chocam com violência no casco do navio. Não poderia ter sinal mais sinistro. Seus braços estão à frente, impulsionando seu corpo pelo encordoamento que leva até o topo do mastro. Suas tatuagens são tantas e tem tantos significados diferentes, estão por toda a extensão de ambos os braços. Faria uma nova se conseguisse sobreviver à tempestade que parece se aproximar. Ele finalmente chega ao cesto da gávea, seus movimentos ágeis e acostumados ao trajeto o colocam lá em poucos instantes.
Com sua luneta ele pode observar ao longe. As nuvens estão carregadas e a tempestade que se aproxima é forte. Ele busca, sem sucesso, encontrar a costa. Haviam navegado para longe dela, muito mais do que gostava. Mas não era o capitão, tinha que acatar as ordens. A força dos ventos aumenta e os primeiros pingos de chuva se chocam com sua pele bronzeada. O mar fica cada vez mais agitado, a água começa a se alojar no convés conforme o mastro balança com o movimento do ar. Ele olha apreensivo para o convés antes de ajeitar o corpo para voltar escalando pelo encordoamento, que balançava violentamente. Seria uma descida perigosa. Uma gota de chuva bate em seu olho, fechando-o por uma fração se segundo.
Quando abre os olhos novamente, o eladrin está em seu quarto na mansão Hazel. Um pouco desnorteado, olha em volta à procura do mastro e das velas que tomaram seus pensamentos até pouco tempo atrás. Frustrado com a falta de sentido daquilo, ele olha mais uma vez à sua volta. Suas espadas estavam descansando onde deixara, assim como sua mochila. O quarto estava escuro, mal podia ver a pequena claridade que as lamparinas faziam no corredor da mansão. Sentindo que ainda precisava relaxar mais, ele volta à posição anterior e procura se desvencilhar do mundo mais uma vez, relaxando em seu transe habitual.

...

Acontecia novamente. Gwen acordara no meio da noite suando frio, com um sentimento de urgência inexplicável, o coração batendo em desespero. A língua antiga. A música ainda ressoava em sua mente, fresca, como sempre. Novamente não conseguia entender seu significado, mas sabia que estava diante de um novo enigma profético. Havia desistido de pensar nas músicas anteriores e agora outra havia chegado.

Walking through the fields of gold
In the distance, bombs can fall
Boy we're running free
Facing light in the flow
And in the cherry trees
We're hiding from the world
But the golden age is over

Boy, we're dancing through the snow
Waters freeze, the wind blows
Did you ever feel
We're falling as we grow
No I would not believe
The light could ever go
But the golden age is over

Listen, I can hear the call
As I'm walking through the door

Did you ever dream
We'd miss the mornings in the sun?
The playgrounds in the streets
The bliss of slumberland
And we are family
No matter what they say
But boys are meant to flee
And run away one day

The golden age is over
Oh the golden age is over
But the golden age is over
The golden age is over

...

Malaggar havia se levantado antes dos outros, como de costume. Ele chegou até a sala de estar e sentou-se num dos sofás sem se incomodar com a presença da companheira que pegara no sono enquanto fazia guarda. Não havia sinal do conde, nem de seus aliados mais próximos. Também não via sinal da líder do bando que sequestrara o nobre. Ficava imaginando o que teria acontecido enquanto esperava o tempo passar.

...

Quando o movimento habitual tomou conta da casa, os aventureiros começaram a deixar seus quartos e andar pela casa, quase sempre terminando na cozinha para tomar seu café da manhã. Alanna havia despertado assustada com a presença do drow, mas fora para o quarto cuidar da aparência. Elros, Arannis, Malaggar, Magusar e Amgram conversavam na cozinha quando o conde passou por lá, aparentando cansaço.
- Bom dia a todos.
- Bom dia.
- Conseguimos informações importantes. Precisamos acabar com os Bodes Negros de uma vez para que não façam mais nada contra nós ou a Assembleia.
- Certo. – Concordou Amgram.
- Descansem. Hoje, depois do jantar, nos falaremos. Até lá terei tudo arquitetado para que possamos agir e acabar com essa ameaça de uma vez. Por enquanto tenho muito a fazer. – Se despediu o conde.

...

Depois de avisar Alanna do comunicado de seu pai, o bladesinger foi até o templo de Fleara que visitaram no dia anterior. Lá aproveitou para conversar com um dos sacerdotes mais experientes para conhecer melhor a religião e falar dos erros que tem cometido, tanto quanto de sua apreciação pela religião. Mais informado e sentindo-se leve, ele logo voltou à casa para que pudesse descansar. Sabia que a noite traria grandes desafios.

...

Malaggar aproveitara o tempo livre para ir até o centro de correspondência de sua ordem. Era uma biblioteca. Lá ele teve acesso a uma sala escondida e pode relatar com todos os detalhes possíveis o que vinha presenciando em Tomhills. Acreditava que toda aquela tensão política que presenciava poderia ser útil para seus superiores eventualmente. Ansioso por uma nova recompensa como as últimas que tivera, ele se esforçava ao máximo para agradar os sacerdotes negros.

...

O momento da reunião havia chegado e o grupo se acomodava no escritório do conde Hazel, onde ele começava a oratória sobre como deveriam acabar com a ameaça que os Bodes Negros representavam naquele momento. Alguns guardas haviam acompanhado até o encontro e faziam o possível para serem invisíveis ao grupo. Conde Marshal explicou que haviam conseguido várias informações sobre o esconderijo e detalhou a forma de agir da organização criminosa, que vinha atuando com células meio que independentes. Ele revelou onde ficava o esconderijo de seus alvos, numa seção abandonada dos esgotos da cidade, acessível apenas pelo lado de fora da mesma.
Os aventureiros combinaram mais uma vez de se separar. O mesmo grupo que lutara contra Annara e seus comandados iria até o esconderijo enquanto o restante ficaria na mansão para proteger a família de Alanna. O anão disse que caso a segurança fosse melhorada ele enviaria, se não todo o grupo, ao menos alguns dos membros para o encontro dos invasores. Queriam garantir que tivessem força suficiente para dar cabo da missão, mas um grupo grande demais poderia estragar a tentativa de surpresa.

...

Depois de um bom tempo de caminhada e outros tantos minutos procurando pelo alçapão que levava aos esgotos, finalmente avistaram seu destino. Cautelosos, desceram até o túnel abandonado. Ele estava totalmente escuro naquela parte e seu cheiro beirava o insuportável. Arannis usou um de seus bastões solares para iluminar o ambiente. Seguiam por um corredor fedorento por onde escorria um filete de água suja. Foram vários minutos de caminhada até poderem ouvir a barulheira que os bandidos faziam adiante.
Estavam próximos a uma curva que entregava a iluminação do trecho a seguir tanto quanto os gritos e batidas em madeira. Abandonando o bastão solar na água, os aventureiros se esgueiraram até a abertura que se dava logo após a curva. Próximos à entrada para o corredor, um grupo de bandidos estava jogando dados numa mesa distraidamente, gritando apostas e desafios como se não esperassem qualquer tipo de eventualidade. Talvez a nova forma de ação da gangue realmente isolasse suas células.
Pegando os bandidos de surpresa, os Silverhawks atacaram sem parcimônia. Quatro humanos simplórios, dois meio-orcs caçadores e dois gnomos foram pegos de surpresa, primeiramente por Malaggar, que avançou já lançando sua nuvem de escuridão entre eles, confundindo-os enquanto seu machado descia implacável, cortando fundo no torso de um dos humanos, morto naquele golpe. Arannis logo se adiantou, lançando mão de uma de suas magias, enfeitiçando a maioria dos oponentes, que se distraíam e perdiam o poder de reação.
Magusar, Elros e Alanna avançaram rapidamente para aumentar o número de casualidades do lado adversário, enquanto Luize disparava da entrada da abertura, segura atrás dos aliados. Os adversários tiveram pouco poder de reação, tentando sem sucesso conter o avanço inicial dos aventureiros. O bladesinger golpeava com sua espada enquanto lançava suas magias com a mão livre, ora derrubando seu alvo, ora queimando-os. O drow se focava num dos inimigos e o isolava do combate, golpeando-o sem misericórdia.
O lâmina arcana aproveitava-se de seus golpes com teleporte para se mover pelo pequeno salão cortando a seu bel prazer, manchando sua espada longa com sangue inimigo. Alanna e Elros fizeram uma bela dupla, avançando lado a lado, sem dar chances para quem ficasse em seu caminho. Alabarda e martelo golpeando de maneira incessante enquanto a energia psiônica auxiliava das mais variadas formas. A barda não ficava muito atrás, aproveitando a posição estratégica para fazer disparos pontuais, eliminando os inimigos pouco a pouco.
As picaretas dos gnomos, arcos e machados dos meio-orcs e clavas dos humanos não foram suficientes para conter o avanço dos aventureiros, que depois de pressionar os bandidos acabaram por derrota-los sem grandes danos. Então pararam para revistar os derrotados e a mesa onde jogavam, sem encontrar nada que valesse seu tempo. A barda novamente dedilhou seu alaúde, sua canção revigorando o ânimo dos aliados enquanto se preparavam para seguir pelo túnel abandonado. 
Logo notaram a chegada de Amgram com Arthur e Shaisys. O anão logo explicou que aliados do conde haviam chegado em sua defesa, cortesia do conde Taylor. Ele se inteirou da situação e pediu para Magusar que o acompanhasse. O grupo seguiria pelos túneis enquanto o anão e o eladrin iriam avaliar sua estrutura, procurando por entradas secretas e qualquer outra coisa que pudesse ficar oculta. Aquilo levaria algum tempo e era bem fortuito que o conde tivesse recebido uma escolta extra para liberá-los até os túneis.



2 comentários:

  1. Depois de muito tempo fui bem nos dados.
    Ja pensou se por causa da falta de alguns do a familia da Alanna morresse? Acho que ela iria ficar merda da vida hein.
    Mais o grupo em geral foi bem nessa missão, nenhuma baixa e mais um grau pra Guilda. Claro isso se ela ainda existir!

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  2. Puta q bosta, apagou a porra do meu comentário...
    O Rick esqueceu o café da manhã q o Arannis mandou pra Alanna...kkkk ainda bem, assim não fica pra história

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