segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Biblioteca: O Rei dos Elfos

O Rei dos Elfos

Anghallas foi o primeiro elfo a chegar em Reisenheim. Seu plano estava sendo invadido pelos mesmos lordes extraplanares que assolaram nosso mundo por séculos, aqui chamados uffern. Ele era o descendente direto de um dos reis élficos de suas terras, mas não teve oportunidade de liderar seu povo, pois fora escravizado com todos eles pelos inimigos violeta.
Sabia-se que ele passou muitos anos como escravo, sempre tentando fazer algo pelos elfos, até que conseguiu escapar e achou uma passagem para Reisenheim. Devido à ação dos invasores, vários mundos se conectaram e passagens como aquela eram ocorrência comum. Chegando aqui, logo encontrou a civilização e chegou até os ddwyfol. Ele foi acolhido e aprendeu muito em meio a eles, ajudando a educar os humanos neste longo processo.
Guiado por uma vontade inabalável de salvar seu povo e com a sabedoria dos espíritos a seu favor, depois de algumas décadas de preparação o elfo se juntou a uma brigada de ddwyfol e voltou ao seu plano para enfrentar os uffern. A guerra foi longa e dolorosa para Anghallas, mas com sua dedicação e a ajuda dos aliados estrangeiros ele conseguiu ensinar seu povo a revidar.
Sua perícia com o arco era lendária e seu treinamento entre os ddwyfol o transformou num herói inigualável. Ele abatia os gigantes púrpura que escravizavam os elfos quase com a mesma facilidade que seus mentores. Não demorou para que outros dos seus demonstrassem aptidões para a guerra e o conhecimento do terreno aliado à inteligência dos seres sagrados começou a pesar a favor dos até então oprimidos.
Décadas de luta foram suficientes apenas para livrar o reinado de seu pai das garras dos uffern. A dúvida sobre o próximo passo o atormentava como nunca, mas os ddwyfol haviam caído e sem a força deles seria muito difícil uma ofensiva para libertar os outros reinos. Visando o bem dos elfos que o seguiam e sem muito tempo para seguir com a batalha, Anghallas dolorosamente deu as costas para sua raça e levou seus súditos para Reisenheim.
Milhares de elfos acompanharam o novo Rei dos Elfos e eles se fixaram nas terras que hoje pertencem ao reino de Ceywiken, nomeado em homenagem ao antigo rei e pai do herói. Anghallas nunca deixou de lutar contra os uffern ou de prestar socorro aos ddwyfol. Os elfos foram uma força formidável na luta pela libertação do plano e seu conhecimento da natureza foi um dos fatores determinantes no sucesso da empreitada.
Não só belicamente os elfos contribuíram, mas também recebendo os povos de outras raças que chegavam ao plano junto das incursões dos ddwyfol em outros mundos. Com os seres divinos ocupados preparando os humanos, os elfos acabaram lidando com seus primos drow, os gnomos, tieflings, halflings, hamadríades e todas as outras raças que chegaram, até os últimos eladrin.
Anghallas se tornou um exemplo para todos mortais e sua história foi amplamente conhecida por todo o mundo. Na batalha derradeira em que os ddwyfol finalmente expulsaram os uffern, ele teve um grande papel, se sacrificando pela tão sonhada vitória. As perdas foram gigantescas e os poucos salvadores restantes foram coroados como deuses de um novo tempo.
O corpo do Rei dos Elfos foi levado até sua morada e enterrado na floresta que acolheu seu povo. O então deus dos ventos Vennthez fez questão de escrever uma música em homenagem à sua vida e todos seus feitos heroicos. Esta foi cantada por todos os cantos de Reisenheim, se tornando a canção mais conhecida e reverenciada de todos os tempos.
No local onde Anghallas foi sepultado os deuses trataram de fazer crescer um carvalho gigantesco que foi nomeado em sua homenagem. Nome que também é usado para a cidade que hoje vive sobre seus galhos colossais no coração da Floresta Einwyn (nome da mãe do primeiro herói, também usado em reverência).
Hoje a cidade ainda presta homenagens a seu Rei morto, o maior herói entre os mortais e exemplo de perseverança. Sua música ecoa em todas as tavernas de seu povo, que o reverencia a cada dia, quase tanto quanto aos deuses. Segue abaixo a música, apesar de ter certeza que o leitor já a conhece.  

O Rei dos Elfos
Vennthez

Escute aqui meu velho amigo
Ouça minha canção ecoando através das arcadas dos olmos
Nas folhas meus pés descalços pisam
Deixo um traço de minha existência com a minha amargura e ambições

Rodeado por um manto enevoado
Dilacerante, tentando ferir minha carne cansada e firme convicção
Passo a passo, neste labirinto escuro
Eu tento encontrar um sinal que me leve para longe do alívio

Todas as milhas para cobrir
Um pouco mais perto do temporal
Encaro esta tempestade gritando meu lamento

Através de perigosos, pérfidos caminhos
Eu ando a passos inquietos, sou levado pela dor
O solo em que piso desmoronando
Como areia movediça vai me corroendo
Ele está me soterrando (sem ar para respirar, sem sangue para sangrar)

Acorde a fúria, o grito por misericórdia
Sinta o fogo do inverno
De volta aos velhos tempos que posso recordar
Meus sinceros desejos ilegíveis

Fracasso, contenda, guiaram-me para uma nova vida e redenção
Levado por tudo o que é dito e feito, estou a uma lágrima da salvação
De minha própria libertação

Agora chegou a hora e meu caminho a percorrer
Todas fronteiras foram quebradas, as correntes se foram
Agora chegou a hora e eu sou o único
Um reinado de renovação, esculpido em minhas raízes
O Rei dos Elfos voltou

Uma noite, eu ouvi as corujas dizerem:
"Procure a verdade sob as estrelas e retorne para os brejos verdes"
Uma memória de muito tempo atrás
Imagens vagas flutuando como um galho ao qual preciso me agarrar

Tenho estado sob cerco
Mas obliterei meus inimigos
Eu ainda estou vivo, prevaleceu o reino

Através de perigosos, pérfidos caminhos
Eu ando a passos inquietos, sou levado pela dor
O solo em que piso desmoronando
Como areia movediça vai me corroendo
Ele está me soterrando (sem ar para respirar, sem sangue para sangrar)

De pé ao lado da árvore de carvalho, ossos curvados sobre mim
Bate, bate, ouça o relógio
As aranhas agora estão costurando
De pé ao lado da árvore fantasma, irregular, nodosa velha árvore
Tic, Toc, Tic, Toc
Todo o meu tempo está se esgotando

Eu anseio por minha libertação (rasgue-a, rasgue-a, rasgue-a)
Barras desencorajadoras feitas de dor
Uma rede de sonhos desfeitos (rasgue-a, rasgue-a, rasgue-a)
Está me enjaulando, mas ainda vou fugir

A luz de um novo dia nasce
Acariciando com sua brisa matinal
Ventos carmesim se foram com o alvorecer
Com cada memória para aproveitar
Levante-se e saúdem o soberano
Destronado, banido em escravidão
Clamem e reverenciem o novo rei
Coroado com apenas o nosso devaneio,
Nossos sonhos e fantasias

Sonhando distante
Encontre outra maneira de viver
E encontre outro amanhecer e outro lugar
Sonhando distante
Tente ser tão forte por dentro
E encontre outro caminho e outra estrada
Sonhando distante
Dê um alívio para as cicatrizes de ontem
Lavando
Toda a culpa pela qual já pagou

Agora chegou a hora e eu canto minha canção
De um pequeno garoto perseguindo seus sonhos e superando-os
Agora chegou a hora e eu sou o único
A pulsação apaixonada e minha alma em chamas
Fui coroado

Abdução, subversão, no interior profundo uma comoção selvagem
Não mais em guerra com tudo o que é dito e feito
Eu finalmente conquistei a salvação
E a minha própria libertação

Agora chegou a hora e meu caminho a percorrer
Todas fronteiras foram quebradas, as correntes se foram
Agora chegou a hora e eu sou o único
Um reinado de renovação, esculpido em minhas raízes
O Rei dos Elfos voltou

Com lágrimas nos olhos eu agora sigo minha herança
Fui coroado o novo Rei Élfico

- “Lendas de Heróis e Vilões”, Sarah Strahovski

Música: “King of the Elves”
Álbum: "The Pagan Manifesto", Elvenking (2014)
Compositores: Aydan (Federico Baston) e Davide "Damna" Moras
Não detenho quaisquer direitos sobre a música.



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