O Rei dos Elfos
Anghallas foi o primeiro elfo a chegar em
Reisenheim. Seu plano estava sendo invadido pelos mesmos lordes extraplanares
que assolaram nosso mundo por séculos, aqui chamados uffern. Ele era o descendente direto de um dos reis élficos de suas
terras, mas não teve oportunidade de liderar seu povo, pois fora escravizado
com todos eles pelos inimigos violeta.
Sabia-se que ele passou muitos anos como escravo,
sempre tentando fazer algo pelos elfos, até que conseguiu escapar e achou uma
passagem para Reisenheim. Devido à ação dos invasores, vários mundos se
conectaram e passagens como aquela eram ocorrência comum. Chegando aqui, logo
encontrou a civilização e chegou até os ddwyfol.
Ele foi acolhido e aprendeu muito em meio a eles, ajudando a educar os humanos
neste longo processo.
Guiado por uma vontade inabalável de salvar seu povo
e com a sabedoria dos espíritos a seu favor, depois de algumas décadas de
preparação o elfo se juntou a uma brigada de ddwyfol e voltou ao seu plano para enfrentar os uffern. A guerra foi longa e dolorosa
para Anghallas, mas com sua dedicação e a ajuda dos aliados estrangeiros ele
conseguiu ensinar seu povo a revidar.
Sua perícia com o arco era lendária e seu
treinamento entre os ddwyfol o
transformou num herói inigualável. Ele abatia os gigantes púrpura que
escravizavam os elfos quase com a mesma facilidade que seus mentores. Não
demorou para que outros dos seus demonstrassem aptidões para a guerra e o
conhecimento do terreno aliado à inteligência dos seres sagrados começou a
pesar a favor dos até então oprimidos.
Décadas de luta foram suficientes apenas para livrar
o reinado de seu pai das garras dos uffern.
A dúvida sobre o próximo passo o atormentava como nunca, mas os ddwyfol haviam caído e sem a força deles
seria muito difícil uma ofensiva para libertar os outros reinos. Visando o bem
dos elfos que o seguiam e sem muito tempo para seguir com a batalha, Anghallas
dolorosamente deu as costas para sua raça e levou seus súditos para Reisenheim.
Milhares de elfos acompanharam o novo Rei dos Elfos
e eles se fixaram nas terras que hoje pertencem ao reino de Ceywiken, nomeado
em homenagem ao antigo rei e pai do herói. Anghallas nunca deixou de lutar
contra os uffern ou de prestar
socorro aos ddwyfol. Os elfos foram
uma força formidável na luta pela libertação do plano e seu conhecimento da
natureza foi um dos fatores determinantes no sucesso da empreitada.
Não só belicamente os elfos contribuíram, mas também
recebendo os povos de outras raças que chegavam ao plano junto das incursões
dos ddwyfol em outros mundos. Com os
seres divinos ocupados preparando os humanos, os elfos acabaram lidando com
seus primos drow, os gnomos, tieflings, halflings, hamadríades e todas as
outras raças que chegaram, até os últimos eladrin.
Anghallas se tornou um exemplo para todos mortais e
sua história foi amplamente conhecida por todo o mundo. Na batalha derradeira
em que os ddwyfol finalmente
expulsaram os uffern, ele teve um
grande papel, se sacrificando pela tão sonhada vitória. As perdas foram
gigantescas e os poucos salvadores restantes foram coroados como deuses de um
novo tempo.
O corpo do Rei dos Elfos foi levado até sua morada e
enterrado na floresta que acolheu seu povo. O então deus dos ventos Vennthez
fez questão de escrever uma música em homenagem à sua vida e todos seus feitos
heroicos. Esta foi cantada por todos os cantos de Reisenheim, se tornando a canção
mais conhecida e reverenciada de todos os tempos.
No local onde Anghallas foi sepultado os deuses
trataram de fazer crescer um carvalho gigantesco que foi nomeado em sua
homenagem. Nome que também é usado para a cidade que hoje vive sobre seus
galhos colossais no coração da Floresta Einwyn (nome da mãe do primeiro herói,
também usado em reverência).
Hoje a cidade ainda presta homenagens a seu Rei
morto, o maior herói entre os mortais e exemplo de perseverança. Sua música
ecoa em todas as tavernas de seu povo, que o reverencia a cada dia, quase tanto
quanto aos deuses. Segue abaixo a música, apesar de ter certeza que o leitor já
a conhece.
O Rei dos
Elfos
Vennthez
Escute aqui meu velho amigo
Ouça minha canção ecoando através
das arcadas dos olmos
Nas folhas meus pés descalços pisam
Deixo um traço de minha existência
com a minha amargura e ambições
Rodeado por um manto enevoado
Dilacerante, tentando ferir minha
carne cansada e firme convicção
Passo a passo, neste labirinto
escuro
Eu tento encontrar um sinal que me
leve para longe do alívio
Todas as milhas para cobrir
Um pouco mais perto do temporal
Encaro esta tempestade gritando meu
lamento
Através de perigosos, pérfidos
caminhos
Eu ando a passos inquietos, sou levado
pela dor
O solo em que piso desmoronando
Como areia movediça vai me
corroendo
Ele está me soterrando (sem ar para
respirar, sem sangue para sangrar)
Acorde a fúria, o grito por
misericórdia
Sinta o fogo do inverno
De volta aos velhos tempos que
posso recordar
Meus sinceros desejos ilegíveis
Fracasso, contenda, guiaram-me para
uma nova vida e redenção
Levado por tudo o que é dito e
feito, estou a uma lágrima da salvação
De minha própria libertação
Agora chegou a hora e meu caminho a
percorrer
Todas fronteiras foram quebradas, as
correntes se foram
Agora chegou a hora e eu sou o
único
Um reinado de renovação, esculpido
em minhas raízes
O Rei dos Elfos voltou
Uma noite, eu ouvi as corujas dizerem:
"Procure a verdade sob as
estrelas e retorne para os brejos verdes"
Uma memória de muito tempo atrás
Imagens vagas flutuando como um
galho ao qual preciso me agarrar
Tenho estado sob cerco
Mas obliterei meus inimigos
Eu ainda estou vivo, prevaleceu o
reino
Através de perigosos, pérfidos
caminhos
Eu ando a passos inquietos, sou levado
pela dor
O solo em que piso desmoronando
Como areia movediça vai me
corroendo
Ele está me soterrando (sem ar para
respirar, sem sangue para sangrar)
De pé ao lado da árvore de
carvalho, ossos curvados sobre mim
Bate, bate, ouça o relógio
As aranhas agora estão costurando
De pé ao lado da árvore fantasma,
irregular, nodosa velha árvore
Tic, Toc, Tic, Toc
Todo o meu tempo está se esgotando
Eu anseio por minha libertação (rasgue-a,
rasgue-a, rasgue-a)
Barras desencorajadoras feitas de
dor
Uma rede de sonhos desfeitos (rasgue-a,
rasgue-a, rasgue-a)
Está me enjaulando, mas ainda vou
fugir
A luz de um novo dia nasce
Acariciando com sua brisa matinal
Ventos carmesim se foram com o
alvorecer
Com cada memória para aproveitar
Levante-se e saúdem o soberano
Destronado, banido em escravidão
Clamem e reverenciem o novo rei
Coroado com apenas o nosso devaneio,
Nossos sonhos e fantasias
Sonhando distante
Encontre outra maneira de viver
E encontre outro amanhecer e outro
lugar
Sonhando distante
Tente ser tão forte por dentro
E encontre outro caminho e outra
estrada
Sonhando distante
Dê um alívio para as cicatrizes de
ontem
Lavando
Toda a culpa pela qual já pagou
Agora chegou a hora e eu canto
minha canção
De um pequeno garoto perseguindo seus
sonhos e superando-os
Agora chegou a hora e eu sou o
único
A pulsação apaixonada e minha alma em
chamas
Fui coroado
Abdução, subversão, no interior
profundo uma comoção selvagem
Não mais em guerra com tudo o que é
dito e feito
Eu finalmente conquistei a salvação
E a minha própria libertação
Agora chegou a hora e meu caminho a
percorrer
Todas fronteiras foram quebradas, as
correntes se foram
Agora chegou a hora e eu sou o único
Um reinado de renovação, esculpido
em minhas raízes
O Rei dos Elfos voltou
Com lágrimas nos olhos eu agora sigo
minha herança
Fui coroado o novo Rei Élfico
- “Lendas de Heróis e Vilões”, Sarah
Strahovski
Música: “King of the Elves”
Álbum: "The Pagan Manifesto", Elvenking (2014)
Compositores: Aydan (Federico Baston) e Davide "Damna"
MorasNão detenho quaisquer direitos sobre a música.
👍🏻
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