sábado, 27 de fevereiro de 2016

Biblioteca: O Maligno

O Maligno

Depois do exílio dos deuses e da prisão do Lorde das Tempestades, Daarmstagg, como única nação onde o culto a ele era predominante, acabou se tornando um grande alvo do antagonismo das pessoas. Houveram diversas campanhas políticas contra a nação, aumentando ainda mais a noção de isolamento do reino, que já tem terras e clima bastante diferentes da maioria do continente. Mas houve uma campanha que realmente pegou: contra o rei Aydan Federik.
Daarmstagg tem um histórico de confronto com o reino dracônico de Eagwak e naquele momento havia guerra novamente. As duas nações têm costumes muito parecidos e sua rivalidade é sem igual, por isso confrontos começam e terminam com tanta rapidez quanto um espadachim desembainha sua espada e volta a descansá-la. Naquele ponto da história, o rei Aydan havia vencido o reino rival numa gloriosa batalha e, tomado pelo êxtase da vitória, resolveu atacar Valltins, para perplexidade de todos em Cefteros. Despreparados para a ameaça, o reino viu Ponte Verde nas mãos invasoras do reino gelado e iniciou uma campanha para angariar ajuda de seus outros vizinhos.
Foi aí que o rei Aydan ganhou a alcunha de O Maligno no continente. Bardos eram pagos para compor músicas e fazer propaganda negativa sobre o rei e sua nação, tocando não só em sua sede por batalha, mas também numa ferida que ainda estava aberta: se tratava de um reino fiel ao deus que acabara de ser aprisionado pelos seus semelhantes por sua natureza revoltosa. Uma música em especial pegou e hoje é impossível separar este estigma daquele rei.
Vários boatos foram lançados: o de que ele era de alguma forma venenoso e corrupto, que sua simples presença poderia matar ou distorcer plantas, animais e até pessoas, etc. Diziam que suas terras eram cobertas por trevas, que tinha um ânimo implacável e se alimentava de carniça. Transformaram rei Aydan numa criatura de trevas, entropia, hidromel e brutalidade. É claro que era apenas propaganda política.
Rei Aydan foi bom para seus súditos, mas era um verdadeiro guerreiro. Ele se sentia triste por ver seu povo passar tanta dificuldade com terras geladas e inférteis, por isso vislumbrava conseguir condições melhores mais ao sul. Cantar esta música na presença de um daarmiano é considerado uma afronta e eu não recomendo em momento algum. No entanto, como ficou bastante famoso (de uma maneira negativa), é natural que o rei Aydan figure como uma personalidade de interesse da história de Cefteros. Ele não viveu muito depois, perdendo a vida na mesma batalha que encerrou a ocupação dos daarmianos em Ponte Verde, apenas três anos depois de sua conquista.
Seu filho e sucessor, rei Jarpen, querendo apaziguar a péssima imagem de seu pai perante o continente, se casou com a filha do rei de Valltins, Eleonora, estreitando relações e estabilizando novamente a situação do nordeste de Cefteros. Apesar de ter desfeito os desmandos do pai, Jarpen não conseguiu eliminar a imagem que ele havia deixado através dos bardos e diplomatas a serviço de seu sogro, com quem teve uma relação bem fria. Os reinos hoje vivem em harmonia e poucos se lembram da guerra em si, mas a música foi eternizada e as mães valltenas ainda usam O Maligno para assustar as crianças.


 Rosas Negras para O Maligno
Autor Desconhecido

Como uma maçã envenenada
Uma mordida é doce, mas fatal
Sua carruagem parte
Antes da meia-noite e então desaparece

Uma coroa de espinhos ele usa para ignorar
A claridade do seu lamento
Fundo no delírio ele encontra seu caminho
Por onde rastejar dia sim, dia não

Vazio agora me sinto, mesmo quando
Eu deveria estar cheio de mim mesmo
Estou viciado na miséria que apodrece por dentro

Amedrontador, frio como a neve congelante,
É como você deve me considerar
Abra seu coração e venha para o outro lado
Traga rosas negras para O Maligno

Ele pode dominar a dor
Enquanto ela assola seu amor com tristeza
Snoveggen é onde eles passam sua quarentena
Em meio a outros monstros

Vazio agora me sinto, mesmo quando
Eu deveria estar cheio de mim mesmo
Estou viciado na miséria que apodrece por dentro

Amedrontador, frio como a neve congelante,
É como você deve me considerar
Abra seu coração e venha para o outro lado
Traga rosas negras para O Maligno

Eu não fui feito para lhe amar
Porque pertenço à noite tempestuosa
De láudano, enxofre, sangue e um toque de morte
Traga rosas negras para O Maligno

Não desperdice sua simpatia
Numa alma perdida como a minha
Coisas como milagres não existem
A dor sempre estará comigo

Algum dia você verá
Não há soberba em mim
Nem redenção, nem livramento
Então corra para longe de mim

Amedrontador, frio como a neve congelante,
É como você deve me considerar
Abra seu coração e venha para o outro lado
Traga rosas negras para O Maligno

- “Lendas de Heróis e Vilões”, Sarah Strahovski
  
Música: “Black Roses for the Wicked One”
Álbum: "The Pagan Manifesto", Elvenking (2014)
Compositor: Davide "Damna" Moras
Não detenho quaisquer direitos sobre a música.



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