sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Biblioteca: O Conde Vampiro

O Conde Vampiro

A cidade de Alfazus, no reino de Faa’hir teve um conde que teve uma história trágica, resultando numa música composta pelo famoso bardo Damnagoras. O trovador já tinha sua carreira difundida em muitas nações e gostava de trabalhar em cima de histórias populares enraizadas nos costumes e na cultura do povo comum. Claro que isso era bastante esperto de sua parte, ficava muito mais fácil cativar esse mesmo povo cantando suas próprias histórias.
Essa música se trata do conde Rezieff Mieltergis Gohegis Froyrollec, um homem bem quisto por todos que o conheciam. Ele era famoso por suas boas ações e gentilezas, sempre sendo prestativo aos que precisavam e não poupando esforços pelo bem-estar geral da cidade. Ele era famoso por suas grandes festas que viravam a noite em sua mansão e aceitavam cidadãos de qualquer classe social.
Poucas pessoas conseguem ser tão amados pelo povo como ele. E as pessoas iam sempre até sua mansão, nos arredores da cidade, levar-lhe presentes e todas formas de agrado. As pessoas que trabalham em suas terras nunca tiveram o que reclamar de seu chefe e sempre foram muito bem tratadas. Até que com o tempo algumas pessoas começaram a estranhar. Conde Rezieff já deveria ter seus setenta anos, mas ainda aparentava ser jovem. A maioria do povo acreditava que ele era simplesmente saudável.
Então um grupo de aventureiros surgiu na cidade. Eles conversaram com o povo, se divertiram nas tavernas e foram até um dos grandes bailes na mansão do duque. Eles aproveitaram a situação para confirmar sua desconfiança: ao ouvirem falar da longevidade e hábitos noturnos do nobre, desconfiaram que ele fosse um vampiro. Quando estavam na mansão, depois de vários testes disfarçados, confirmaram que se tratava mesmo de um vampiro.
Ainda sem saber como agir, o grupo preferiu continuar na festa normalmente e resolver a questão no dia seguinte. O baile acabou e todos partiram. Na manhã seguinte os aventureiros reuniram os cidadãos mais proeminentes da cidade e contaram sua descoberta. Diziam que o conde só podia ser um vampiro, usaram de seu conhecimento e toda lógica possível para convencer a todos de lhes pagar uma recompensa pela cabeça da vil criatura.
Ainda durante a tarde os aventureiros invadiram a mansão buscando matar o conde Rezieff que, admitindo ser um vampiro, lutou contra os invasores e matou cada um deles. Ele enviou então uma mensagem aos representantes da cidade admitindo que era um vampiro, mas afirmando que buscava apenas paz. Ele sempre esteve ajudando para que não fosse confundido com um monstro qualquer e servia como uma espécie de protetor para a cidade, sempre a livrando de elementos indesejáveis, como alguns exemplos que ele deu.
O povo ficou em polvorosa, assustado. Apesar de muitos serem gratos à ajuda que o conde Froyrollec lhes prestara, o medo falou mais alto e os cidadãos da cidade resolveram eliminar a criatura. Munidos de forquilhas e tochas eles marcharam pelo campo até a mansão e foram recebidos de maneira cortes e elegante. Confusos, os líderes da ação quase regrediram, mas no final acabaram tomando o conde em sua custódia, torturando-o e descarregando todas suas frustações na carne morta do nobre ao longo de vários dias.
Vários dias de tortura se passaram para que o conde finalmente fosse dado como morto e enterrado. Ele havia sofrido todo tipo de abuso dos camponeses que passara décadas ajudando e protegendo. Apesar de ser temido como o monstro, mostrou a todos que qualquer um pode ser um monstro, independente da própria raça. São as ações que nos guiam para os caminhos obscuros da realidade e o conde Rezieff foi mais uma vítima do medo que as pessoas têm do desconhecido.
Apesar de ser dado como morto naquela época, fiz um grande estudo sobre o conde vampiro durante minhas viagens. Vi as esculturas e pinturas dele feitas na época em que ainda era um conde. Aparentava ser um homem de cerca de quarenta anos, se vestia de maneira elegante e tinha cabelos brancos que iam até um palmo abaixo dos ombros. Gostava de se vestir de cinza, sempre na moda mais elegante. Seu rosto era fino e seus olhos vermelhos fazia com que todos pensassem que fosse um albino.
Curiosamente encontrei mais pinturas deste mesmo senhor, com várias datas diferentes. Alguns afirmam que conde Rezieff e o vampiro Mielter, companheiro do grande herói Zlav, eram a mesma pessoa. Não seria de se estranhar que um vampiro sobrevivesse aos ferimentos causados por camponeses e que vivesse tantos anos. Infelizmente, jamais vamos ter certeza absoluta se isso é uma coincidência ou não, pois o vampiro Mielter foi completamente destruído na conhecida batalha dos aliados de Zlav contra a Tríade Dracônica sobre os céus do Atoleiro dos Mortos.

Eu sou o Monstro
Damnagoras

Neste lugar escuro e solitário
Sinto como se tivesse caído em desgraça
Forasteiro para toda a vida, me escondendo de seus olhos cruéis
As luzes estão fora, mas eu estou aqui
O gelo está derretendo na minha pele
Os ventos frios sopram profundamente em meus sonhos congelando tudo que resta de mim

Eu sempre senti essa miséria
Acho que alguma coisa está quebrada dentro de mim
E eu estou me sentindo tão sozinho
Tenho medo de nunca encontrar a minha cura

Eu perdi meu caminho
Eu perdi a minha luz
Perdi as estrelas dentro da minha noite
Eu perdi as coisas com as quais estive sonhando (sonhando)

Oh, lá vêm eles com forquilhas e fogo
Minha destruição eles desejam
"Monstro! Monstro!", eles estão gritando como se finalmente tivessem encontrado sua cura
Eles me levam, torturam e me machucam
Tudo que eles querem fazer é me enterrar
E livrar-se do que eles temem, porque eu sou o monstro!

Eu perdi meu caminho
Eu perdi a minha luz
Perdi as estrelas dentro da minha noite
Eu perdi as coisas com as quais estive sonhando (sonhando)

Apenas um único dia, mais um único dia
Dentro dessa jaula e eu vou desaparecer

Eu perdi meu caminho
Eu perdi a minha luz
Perdi as estrelas dentro da minha noite
Eu perdi as coisas com as quais estive sonhando (sonhando)

Apenas um único dia, mais um único dia
Dentro dessa jaula e eu vou desaparecer

Eu perdi meu caminho
Eu perdi a minha luz
Perdi as estrelas dentro da minha noite

- “Lendas de Heróis e Vilões”, Sarah Strahovski

Música: “I Am the Monster”
Álbum: "Era", Elvenking (2012)
Compositores: Davide "Damna" Moras
Não detenho direito nenhum sobre a música.



Um comentário:

  1. Povo ingrato, se a pessoal so faz o bem, não tem o porque de ter medo.
    Claro uma coisa a ser averiguada era a forma com que se alimentava, afinal vampiro se alimenta de sangue e se ele so bebia sangue dos invasores que so querem o mau nada mais justo, afinal ele era como se fosse o guardião da cidade, um monstro que deve ter se arrependido de seus pecados e decidiu fazer o bem pelo menos para se redimir.

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