quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Biblioteca: O Astrônomo

O Astrônomo

Em mais uma de minhas viagens, cheguei até a cidade de Qotziss, em meio ao Deserto de Vidro. Devo dizer que as pessoas parecem bem menos preocupadas com o calor e o tempo seco do que eu. Mas não é por isso que estou adicionando esta página ao meu diário. Eu estava numa taverna quando ouvi algumas histórias sobre uma torre que estaria em algum ponto do deserto. Encantado pela lenda, fiz minha pesquisa com o povo local e em bibliotecas para compor uma música.
Aparentemente existiu um mago tiefling thurat que tentou construir uma torre enorme para que pudesse estudar as estrelas, como bom devoto de Emnos. Os registros históricos são um pouco confusos, encontrei várias datas diferentes para estes acontecimentos, mas assumo que foi por volta de 765 , ainda na 2ª Era. Este mago teria usado magia para controlar a mente e escravizar vários nativos para a construção da tal torre. Obviamente ele não estava sozinho, mas era o grande líder do projeto.
A duração desse período de construção também varia de relato a relato. A média ficou em cerca de nove anos. Parece que esse círculo de magos era bem cruel e tinha pouca consideração pelo bem-estar de seus escravos. É interessante notar que, pelos relatos, o mago que liderava essa abominação ficava cada vez mais corrompido pelo poder. Não demorou muito para que outros magos começassem a se virar contra ele.
Apesar de todos os contratempos a torre foi erguida e ele se isolou em seu topo, saindo toda noite para observar as estrelas com suas lunetas e parafernálias arcanas. O círculo estava tão dividido que o controle mágico sobre os escravos começou a fraquejar e os mesmos oravam e pediam aos deuses ajuda com a situação desesperadora pela qual passavam. Quando todos os outros magos haviam virado as costas para seu líder, aconteceu.
Uma tempestade assolou o deserto naquela madrugada. Pela primeira e única vez choveu no Deserto de Vidro. Os ventos eram fortíssimos e a torre rangia tamanha sua força. Raios e relâmpagos iluminavam o topo da torre como se fosse uma tocha gigante cravada na areia. Os escravos ficaram alvoroçados e assistiam ao espetáculo incomum que assolava o topo da torre, mas mal podia ser sentido em sua base. A tempestade durou a madrugada inteira e o mago, embriagado pelo poder, tentou lutar contra a vontade divina.
Ele se elevou até a plataforma mais alta e começou a executar um ritual para aplacar a fúria do clima, quando o vento aproveitou seu manto farfalhante e o jogou do topo da torre. Os escravos observavam atônitos, torcendo pelo fim de seu tormento enquanto seu algoz lutava com todas as forças para se manter preso às pedras. Quando parecia que ele iria sobreviver, um raio atingiu a torre bem próximo a onde ele se segurava e então mago caiu para sua morte.
A tempestade cessou logo em seguida e o sol nasceu, trazendo consigo um belo arco-íris, algo que o povo do deserto simplesmente desconhecia. Essa lenda já foi muito popular por aqui, mas agora parece meio esquecida. Eu achei muito interessante e por isso resolvi escrever uma música em homenagem a ela. Não há provas de que seja verdade, visto que ninguém encontrou essa torre até hoje. Vários viajantes cruzam o deserto com frequência e afirmam que não há torre nenhuma em lugar algum. Outros tantos diziam que nas noites de lua cheia era possível vislumbrar sua silhueta ao longe, no sul do deserto. Tais testemunhos desapareceram com a chegada da 3ª Era, no entanto. Eis mais um mistério de nosso belo mundo.


O Astrônomo
Joshua Michael Homme III


Meio-dia, eu venderia minha alma por água
Nove anos dignos de quebrar minhas costas
Não há sol na sombra do mago
Vê como ele plana, por que é mais leve que o ar?
Oh, eu vejo seu rosto!

Onde está sua estrela?
Está longe, está longe, está longe?
Quando partimos?
Eu acredito, sim, eu acredito

No calor e na chuva
Com chicotes e correntes
Para ver ele voar tantos morrem
Construímos uma torre de pedra
De nossas carnes e ossos
Apenas para vê-lo voar
Mas não sei o porquê
Para onde vamos agora?

Vento quente, cortando pelo deserto
Sentimos que nosso tempo chegou
O mundo gira enquanto realizamos o sonho dele
Uma torre de pedra para elevá-lo aos céus
Oh, eu vejo seu rosto!

Onde está sua estrela?
Está longe, está longe, está longe?
Quando partimos?
Sim, eu acredito, eu acredito

No calor e na chuva
Com chicotes e correntes
Apenas para vê-lo voar tantos morrem
Construímos uma torre de pedra
De nossas carnes e ossos
Para vê-lo voar
Mas não sabemos o porquê
Oh, para onde vamos agora?

Todos olhos vislumbram a forma do mago
Conforme ele escala o topo do mundo
Nenhum som quando ele cai ao invés de se elevar
O tempo paralisa, então há sangue na areia
Oh, eu vejo seu rosto!

Onde estava sua estrela?
Estava longe, estava longe?
Quando foi que partimos?
Nós acreditamos, nós acreditamos, nós acreditamos

No calor e na chuva
Com chicotes e correntes
Para ver ele voar tantos morreram
Construímos uma torre de pedra
De nossas carnes e ossos
Apenas para vê-lo voar
Não sei o porquê

Eu vejo um arco-íris surgindo
Olhe, no horizonte!
O tempo paralisa
Ele me devolveu o controle

Meus olhos estão sangrando
E meu coração está deixando este lugar
Oh, para onde vamos agora?


- “As Maravilhas de Cefteros”, Joshua Michael Homme III

   
Música: “Stargazer (Bonus Track)”
Álbum: “The Lay of Thrym”, TÝR (2011)
Compositores: Ritchie Blackmore e Ronnie James Dio
Versão original do Álbum: “Rising”, Rainbow (1976)
Não detenho direito nenhum sobre a música.



Um comentário:

  1. Deserto de vidro? como assim?
    Esse mago tiefling thurat, ja ouvi falar? Tem nome esse grupo que ele "montou " para fazer a torre?
    Olha prevejo que algo nessa torre vai nos trazer alguma missão.
    Rick ninja, de uma musica cria uma historia.

    ResponderExcluir